Estudo estatístico: O técnico de futebol ibero-americano no estrangeiro
INTRODUÇÃO
O futebol é um desporto que transcende fronteiras, e os técnicos de futebol ibero-americanos têm desempenhado e continuam a desempenhar um papel crucial na disseminação das estratégias, táticas e estilos de jogo dos seus respetivos países em cenários internacionais.
A nossa atividade como associação tem um enfoque internacional marcado, orientando-se para assessorar e promover os técnicos de futebol ibero-americanos que tenham desempenhado, desempenhem ou pretendam desempenhar a sua profissão no estrangeiro. A origem desta iniciativa foi motivada por um estudo inicial que justificou a necessidade de uma entidade como a AITF, uma vez que observámos que a diáspora de técnicos de futebol ibero-americanos era ampla e alcançava equipas de todas as classes e categorias, em praticamente todos os países do mundo.
Neste sentido, na AITF realizámos um novo estudo com base nos últimos dados disponíveis na base de dados transfermarkt (agosto de 2024). Desta forma, conseguimos obter a “fotografia” do panorama atual dos técnicos de futebol ibero-americanos no estrangeiro. Esta análise revela dados de grande interesse sobre a sua distribuição e influência em todo o mundo, destacando a posição predominante dos técnicos ibero-americanos no panorama mundial.
DISTRIBUCIÇÃO DOS TÉCNICOS DE FUTEBOL IBERO-AMERICANOS NO ESTRANGEIRO
Segundo os dados recolhidos, atualmente há um total de 768 treinadores ibero-americanos a trabalhar fora dos seus países de origem. Este número distribui-se da seguinte forma:
É notável que países como a Espanha e a Argentina liderem com um número significativo de treinadores no estrangeiro, representando mais de 48% do total de treinadores ibero-americanos a trabalhar fora do seu país de origem. Esta presença reflete não só a qualidade e o reconhecimento internacional destes técnicos, mas também a forte tradição futebolística dos seus respetivos países, acumulando um total de quatro títulos mundiais entre ambas as seleções nacionais absolutas.
Países como Portugal e Brasil também demonstram uma sólida representação, contribuindo de forma significativa para o total. Os técnicos uruguaios, embora em menor quantidade, também se destacam pela sua capacidade de influenciar ligas estrangeiras, especialmente considerando o pequeno tamanho da sua nação, que sempre se caracterizou como um exportador de talento futebolístico há várias décadas. Por outro lado, países como a Venezuela, o Paraguai e o Peru, embora com menor presença, começam a fazer sentir a sua influência no âmbito internacional, especialmente na América do Sul.
PROPORÇÃO GLOBAL DOS TÉCNICOS DE FUTEBOL IBERO-AMERICANOS
Quando ampliamos a perspetiva e observamos o total de treinadores no estrangeiro, os treinadores ibero-americanos representam um terço de todos os técnicos internacionais. De um total de 2.275 treinadores a trabalhar fora dos seus países de origem, 768 são ibero-americanos, o que equivale a 33,8%.
Este percentual é realmente significativo e demonstra que a região ibero-americana não só produz uma grande quantidade de treinadores, como estes também estão em alta demanda a nível global. Este dado sublinha o papel crucial dos técnicos ibero-americanos na globalização do futebol e a sua capacidade de se adaptarem a diferentes culturas futebolísticas e contextos competitivos. Não devemos perder de vista que, embora em termos numéricos a presença de técnicos de futebol ibero-americanos seja proeminente, em termos qualitativos, de difusão de métodos e ideias –e de obtenção de sucessos desportivos– é, talvez, ainda mais brilhante.
IBERO-AMÉRICA NO TOP 10 DE EXPORTADORES DE TREINADORES
Quando se analisa o ranking global dos principais exportadores de treinadores, quatro países ibero-americanos encontram-se entre os dez primeiros:
No total, os treinadores ibero-americanos que figuram neste ranking somam 622, o que representa 39,4% do total dos 1.577 treinadores contabilizados no top 10. Esta percentagem destaca a proeminência da região ibero-americana no contexto global do futebol. Espanha, Argentina, Portugal e Brasil não são apenas grandes exportadores de jogadores, mas também de treinadores que estão a moldar o futebol em diferentes partes do mundo.
ANÁLISE COMPARATIVA E CONCLUSÕES
A combinação destas estatísticas oferece uma visão clara de como os treinadores ibero-americanos estão a deixar a sua marca no futebol global. Espanha e Argentina são os líderes indiscutíveis na exportação de talento técnico, enquanto Portugal e Brasil também desempenham um papel crucial na formação e exportação de treinadores.
O facto de os treinadores ibero-americanos representarem mais de um terço de todos os treinadores no estrangeiro reflete a força da região na produção de conhecimento e estratégia futebolística. Além disso, a sua presença significativa no ranking dos principais exportadores sublinha a qualidade e a capacidade de adaptação destes treinadores em diversas ligas ao redor do mundo, em todos os continentes e em todas as categorias, desde a base até a elite.
Estes dados não só mostram a influência da região ibero-americana no futebol global, como também destacam a importância de continuar a apoiar e desenvolver estes treinadores para que continuem a levar o futebol da região a novos patamares. A AITF pretende ser um pilar fundamental neste processo, promovendo a troca de conhecimentos e a contínua expansão do talento dos técnicos de futebol ibero-americanos no panorama internacional.