Perfil de país: Roménia
I. INTRODUÇÃO
A Roménia possui uma tradição futebolística profundamente enraizada, entrelaçada com a identidade moderna da nação e com o seu orgulho desportivo coletivo. Historicamente reconhecida pela produção de jogadores de elevado talento técnico e de equipas taticamente inteligentes, a herança futebolística romena situa a sua era dourada no final do século XX, quando a seleção nacional alcançou notáveis êxitos em torneios internacionais e clubes como o Steaua de Bucareste (atualmente FCSB) conquistaram prestígio continental, incluindo a vitória na Taça dos Campeões Europeus de 1986.
Atualmente, uma nova geração de treinadores, dirigentes e jogadores trabalha com o propósito de restaurar a competitividade da Roménia no panorama europeu. O futebol nacional atravessa um processo de modernização estratégica, marcado por importantes investimentos em academias de formação, ciência do desporto e gestão de clubes. Instituições de referência como o CFR Cluj, a Universitatea Craiova e o FCSB lideram reformas em matéria de infraestruturas, análise de dados e desenvolvimento profissional, enquanto as academias regionais ampliam o acesso a programas estruturados de formação de treinadores em todo o território nacional.
A posição geográfica da Roménia, situada no cruzamento entre a Europa Central e a Europa de Leste, aliada à sua integração no quadro de governação da UEFA, oferece amplas oportunidades a treinadores, analistas e especialistas em preparação física estrangeiros que pretendam contribuir para projetos de desenvolvimento ambiciosos. O ecossistema futebolístico romeno —sustentado tanto pela Federação Romena de Futebol (FRF) como pelas políticas governamentais na área do desporto— reflete uma crescente abertura à colaboração internacional e ao intercâmbio metodológico.
À medida que a Roménia continua a combinar as suas forças históricas com abordagens técnicas modernas, afirma-se como um ambiente cada vez mais atrativo e dinâmico para os profissionais que desejam participar na próxima fase do desenvolvimento futebolístico da Europa de Leste.
Fonte: Federação Romena de Futebol (FRF)
II. O FUTEBOL NA ROMÉNIA
A Federação Romena de Futebol (FRF) atua como autoridade reguladora do futebol em todo o território nacional, exercendo competências plenas de regulamentação, organização e desenvolvimento em todas as categorias competitivas. O seu mandato abrange a gestão das ligas nacionais, competições de taça, programas de formação de jovens e qualificação de treinadores, assegurando o cumprimento dos quadros normativos estabelecidos pela UEFA e pela FIFA.
A estrutura do futebol romeno organiza-se em três divisões profissionais principais, apoiadas por uma extensa rede de clubes semiprofissionais e amadores que integram a pirâmide futebolística nacional:
- Liga I. A divisão máxima, composta por 16 equipas totalmente profissionais, representa o nível de elite do futebol romeno. A competição segue um formato de todos contra todos que culmina num Playoff pelo campeonato — que determina o título nacional e a qualificação para as competições europeias — e numa fase de Play-Out para decidir as descidas de divisão. A Liga I mantém elevados padrões competitivos e operacionais, com clubes como o FCSB, o CFR Cluj, a Universitatea Craiova e o Rapid Bucareste a competirem regularmente a nível nacional e continental. O aumento do investimento em infraestruturas, análise de dados e desenvolvimento de jogadores reforçou a convergência da liga com os parâmetros do futebol europeu.
- Ligas II e III. Estas divisões constituem a base do desenvolvimento do futebol romeno, sustentando a atividade profissional e semiprofissional em todo o país. A Liga II conta com cerca de 20 clubes, servindo de ponte essencial entre a elite profissional e o futebol regional. A Liga III, dividida em grupos regionais que reúnem aproximadamente 96 clubes, desempenha um papel crucial na promoção da acessibilidade e da diversidade competitiva nos diferentes condados da Roménia, assegurando que o futebol permaneça profundamente enraizado nas comunidades locais.
Para além das competições profissionais, a Roménia mantém uma longa tradição de formação de jovens talentos. A FRF coordena uma ampla rede de academias geridas por clubes e programas certificados pela federação, que privilegiam a formação técnica, a identificação de talentos e o desenvolvimento integral dos jogadores. Nos últimos anos, a federação reforçou as suas parcerias com entidades e organismos técnicos estrangeiros, com o objetivo de modernizar as metodologias de treino e integrar a ciência do desporto nas bases do sistema.
O Departamento Técnico da FRF desempenha um papel fundamental na formação de treinadores, oferecendo cursos progressivos de licenciamento alinhados com a Convenção da UEFA sobre a Formação de Treinadores. A colaboração constante com federações internacionais elevou o nível da formação nacional, promovendo a adoção de modelos táticos inovadores e de metodologias de treino baseadas em evidência científica.
Apesar dos desafios económicos e estruturais persistentes, a Roménia registou progressos notáveis nos seus padrões técnicos e nos percursos de desenvolvimento juvenil. Diversos clubes dispõem atualmente de centros de treino modernos, sistemas de scouting mais eficazes e uma gestão profissionalizada. No plano internacional, os clubes romenos continuam a demonstrar competitividade nas competições da UEFA, enquanto a federação fomenta alianças estratégicas destinadas a fortalecer a formação de treinadores e as parcerias internacionais entre clubes.
Fontes: Federação Romena de Futebol (FRF); Plataforma Oficial da Liga I.
III. TREINAR NO ROMÉNIA
Exercer a profissão de treinador de futebol na Roménia proporciona uma experiência direta num ecossistema desportivo dinâmico e em contínua evolução, que valoriza a adaptabilidade, a inovação tática e a aplicação de metodologias modernas de treino. O ambiente futebolístico romeno encontra-se num processo contínuo de profissionalização, combinando a sua tradicional excelência técnica com um crescente enfoque na ciência do rendimento, no desenvolvimento estruturado do jogador e no rigor da gestão.
A Federação Romena de Futebol (FRF) cumpre integralmente os padrões estabelecidos na Convenção da UEFA sobre a Formação de Treinadores, assegurando a total correspondência entre os sistemas de qualificação nacionais e europeus. Assim, as licenças UEFA obtidas noutras associações-membro — sejam UEFA B, A ou Pro — são automaticamente reconhecidas na Roménia, permitindo aos treinadores exercerem a profissão sem necessidade de processos adicionais de equivalência nacional. Este sistema garante a portabilidade e uniformidade das qualificações em todos os países filiados na UEFA, nos termos do artigo 2.º e do Anexo I da Convenção UEFA (edição de 2020).
A FRF, através da sua Escola Nacional de Treinadores, aplica uma estrutura escalonada de formação que reflete o modelo UEFA, abrangendo os níveis de base, juvenil e profissional. Os cursos combinam formação teórica com módulos práticos sobre organização tática, psicologia do jogador, liderança e análise de desempenho, em conformidade com os critérios mínimos de competência e metodologia definidos pela UEFA.
O romeno é a língua administrativa e técnica oficial da federação; contudo, o inglês é amplamente utilizado entre os profissionais, em particular nos clubes de elite, academias de jovens e programas de cooperação internacional. Esta acessibilidade linguística facilita a integração de treinadores, analistas e preparadores físicos estrangeiros nas estruturas do futebol romeno, evitando que as barreiras linguísticas se tornem um obstáculo ao trabalho técnico ou à interação com os jogadores.
As oportunidades profissionais para treinadores estrangeiros na Roménia encontram-se em expansão, em linha com a modernização do futebol nacional. Os clubes da Liga I e da Liga II, bem como as principais academias de formação, demonstram um interesse crescente em recrutar especialistas internacionais, especialmente nas áreas do desenvolvimento tático, preparação física e análise de desempenho. A FRF incentiva ativamente esta integração, considerando a presença de profissionais qualificados internacionalmente como um instrumento essencial para o intercâmbio de conhecimento e a melhoria técnica. Nos últimos anos, as parcerias entre a FRF e outras federações europeias contribuíram para a disseminação de boas práticas e para a atualização dos currículos de formação, em conformidade com o UEFA Education Framework for Coaches (2021).
A estrutura futebolística em constante evolução da Roménia representa, assim, um ambiente fértil para treinadores qualificados que desejem envolver-se em projetos de desenvolvimento de alto nível num sistema competitivo e orientado para a reforma. A conjugação das licenças UEFA, da abertura institucional e do investimento crescente em capital humano torna o país um destino credível e atrativo para profissionais de todo o espectro técnico.
Fontes: Federação Romena de Futebol (FRF); Convenção da UEFA sobre a Formação de Treinadores (ed. 2020); UEFA Education Framework for Coaches (2021); Escola Nacional de Treinadores da FRF.
IV. ESTABELECER-SE NA ROMÉNIA
A. HABITAÇÃO
Bucareste permanece a base preferida dos profissionais estrangeiros, oferecendo uma vasta gama de opções de alojamento em complexos residenciais modernos e bairros tradicionais. As rendas mensais médias de apartamentos centrais variam entre cerca de 400 e 600 euros, consoante o nível de mobiliário, a proximidade de zonas de interesse e o acesso ao transporte público.
Cluj-Napoca, Timișoara e Iași são igualmente destinos populares entre treinadores, devido ao seu ambiente académico e desportivo.
Recomenda-se aos residentes estrangeiros a negociação de contratos de arrendamento de duração determinada, com cláusulas claras de renovação, bem como a solicitação de contratos redigidos por escrito em romeno e inglês, de modo a garantir total clareza jurídica. É aconselhável solicitar referências a outros expatriados ou representantes de clubes antes da assinatura e dar prioridade a propriedades situadas em bairros seguros, com serviços estáveis e manutenção eficiente.
Os residentes estrangeiros gozam de amplo acesso ao mercado imobiliário romeno. Os cidadãos da UE, do EEE e da Suíça, bem como as pessoas coletivas registadas nesses Estados, podem adquirir livremente terrenos destinados a habitação ou segunda residência, nos termos do artigo 4.º da Lei n.º 312/2005.
Os nacionais de países terceiros apenas podem adquirir terrenos com base em acordos internacionais de reciprocidade entre a Roménia e o respetivo país de origem. Na ausência de tal acordo, podem ser proprietários do edifício construído sobre o terreno, detendo um direito de superfície válido enquanto a construção existir.
Todos os cidadãos estrangeiros, independentemente da nacionalidade, podem arrendar livremente propriedades na Roménia sem restrições. Recomenda-se que os contratos de arrendamento sejam formalizados em formato bilingue (romeno e idioma internacional), garantindo assim a sua clareza e exequibilidade.
Fontes: Imobiliare.ro; Relatório Nacional do Mercado Imobiliário 2025.
B. SAÚDE
O sistema público de saúde romeno oferece serviços essenciais através da Caixa Nacional de Seguro de Saúde (CNAS). Contudo, os profissionais estrangeiros tendem a optar por seguros médicos privados, que garantem menores tempos de espera e padrões de qualidade acreditados internacionalmente. As redes hospitalares privadas Regina Maria, Sanador e MedLife operam nas principais cidades, disponibilizando cuidados médicos abrangentes e especialistas fluentes em inglês.
Recomenda-se aos treinadores e membros do pessoal técnico a contratação de apólices privadas completas que cubram tanto a assistência primária como a especializada, incluindo medicina desportiva e fisioterapia. A inscrição junto de um médico de clínica geral local é igualmente aconselhável para as necessidades médicas de rotina. Os clubes e federações desportivas costumam incluir cobertura médica parcial ou total nos contratos laborais, sendo, portanto, essencial a revisão cuidadosa dessas disposições antes da assinatura.
Os cidadãos da UE/EEE e da Suíça que possuam o Cartão Europeu de Seguro de Doença (CESD) têm direito a aceder aos serviços públicos essenciais de saúde desde a sua chegada à Roménia. Para estadias prolongadas, é obrigatória a inscrição no Sistema Nacional de Saúde (CNAS), procedimento normalmente realizado através do contrato de trabalho.
Os nacionais de países terceiros, nos termos da Ordem Governamental n.º 25/2014, devem possuir um seguro médico privado que cubra toda a duração do visto ou do título de residência, como requisito prévio para a entrada e permanência legal no país.
Fontes: Ministério da Saúde (Roménia); Regina Maria Healthcare Network; Sanador Hospital Group.
C. EDUCAÇÃO
Para os profissionais que se desloquem com as respetivas famílias, a Roménia dispõe de uma rede bem desenvolvida de colégios internacionais e bilingues, especialmente nas cidades de Bucareste, Cluj-Napoca e Timișoara. As instituições de maior prestígio oferecem programas reconhecidos internacionalmente, como o currículo britânico IGCSE, o Bacharelato Internacional (IB) ou o sistema norte-americano de Advanced Placement (AP).
Os processos de admissão são competitivos, pelo que se recomenda o início das candidaturas com pelo menos seis meses de antecedência relativamente ao início do ano letivo. Muitos clubes e federações disponibilizam apoios educativos ou assistência na procura de estabelecimentos de ensino como parte dos pacotes de realocação. As famílias podem igualmente beneficiar de atividades extracurriculares e desportivas concebidas para promover a integração cultural e linguística das crianças.
Os cidadãos da UE/EEE e da Suíça gozam de acesso pleno a todos os níveis de ensino na Roménia, em condições idênticas às dos nacionais, incluindo no que respeita às propinas. A matrícula em instituições de ensino superior — públicas ou privadas — requer um certificado de reconhecimento emitido pelo Centro Nacional de Reconhecimento e Equivalência de Diplomas (CNRED), sendo a admissão regida pelos regulamentos internos de cada universidade, em conformidade com a legislação nacional aplicável.
Os nacionais de países terceiros podem matricular-se no ensino pré-universitário ou universitário mediante aprovação prévia do Ministério da Educação – Direção-Geral de Relações Internacionais e Assuntos Europeus (DGRIAE), sem necessidade de exames de equivalência. No ensino obrigatório, os alunos estrangeiros beneficiam dos mesmos direitos que os cidadãos romenos, ao passo que no ensino secundário superior são aplicáveis propinas académicas.
O CNRED reconhece automaticamente os graus obtidos em instituições da UE/EEE ou da Suíça, sem exames compensatórios, processando normalmente os pedidos num prazo de 30 dias úteis, prorrogável em casos excecionais.
Fontes: Ministério da Educação (Roménia); International School of Bucharest; Transylvania College (Cluj-Napoca).
D. SEGURANÇA
A Roménia ocupa uma posição de destaque nos índices regionais de segurança, oferecendo um ambiente social estável e uma baixa incidência de criminalidade violenta. As principais cidades, como Bucareste, Cluj e Timișoara, são consideradas seguras para expatriados, dispondo de redes comunitárias ativas e serviços públicos eficientes.
Recomenda-se aos profissionais estrangeiros que se familiarizem com os números de emergência — 112 para polícia, ambulância e bombeiros — e que utilizem operadores de táxi de confiança ou plataformas verificadas de transporte partilhado, como Bolt e Uber. O registo junto das autoridades locais permanece um requisito formal indispensável ao cumprimento das normas de residência e de visto. Em termos gerais, a Roménia proporciona um ambiente seguro e acolhedor, propício ao desenvolvimento pessoal e profissional.
Fontes: Ministério dos Negócios Estrangeiros (Roménia); European Safety Index 2025; Expat Safety Review 2025.
E. ENTRADA, RESIDÊNCIA E IDENTIFICAÇÃO
Os cidadãos da UE/EEE e da Suíça podem entrar na Roménia com um passaporte ou documento nacional de identidade válido, sem necessidade de visto. Para permanências superiores a 90 dias, devem solicitar um certificado de registo ou um título de residência junto da Inspeção-Geral de Imigração (IGI). Este documento é normalmente emitido no próprio dia e tem uma validade máxima de cinco anos, não inferior a um.
Os nacionais de países terceiros devem, previamente, obter uma autorização de trabalho (em caso de emprego) e, posteriormente, um visto de longa duração por motivos laborais, de estudos ou outros fins legítimos. Uma vez em território romeno, deverão requerer uma autorização de residência junto do IGI, válida durante o período de vigência do contrato de trabalho, não podendo exceder dois anos.
Documento elaborado em colaboração com a Antico & Partners, membro da Rede de Apoio Jurídico Local da AITF, com sede em Roménia.




